Influencer pode, e eu não posso?

Se antes os profissionais de saúde ostentavam com orgulho o título de doutor, indicando uma autoridade pelo conhecimento acumulado, hoje muitos preferem ser reconhecidos como ‘influenciadores digitais’.

Os influenciadores podem sim ter impactos positivos na saúde da população, ao estimular as pessoas a terem hábitos mais saudáveis.

No entanto, é fundamental entender que a construção da credibilidade de um profissional de saúde é muito diferente da construção da imagem de um influenciador digital.

Um profissional da nutrição não está nas redes para recomendar um padrão de dieta que funcionou para ele. Dizer “comigo deu certo”, não é compatível com uma prática clínica responsável e séria.

O exercício irresponsável da profissão pode ser tão ou mais perigoso que o exercício ilegal da profissão.

A comunicação leve e a linguagem simples são recursos que auxiliam os profissionais a aproximar informações técnicas da realidade dos seus seguidores, desde que o conteúdo seja feito a partir de fontes confiáveis e referências científicas.

A obsessão pela fama no digital a qualquer custo também é problemática porque hoje muitos profissionais passam mais tempo cuidando de rede social do que lendo artigos científicos, ou buscando informações atualizadas e relevantes para melhorar a qualidade dos atendimentos.

Como o conteúdo que viraliza nas redes sociais pela polêmica costuma ser o mais curtido e compartilhado, o único resultado possível é um público desinformado, seguindo dietas malucas sem orientação correta, e, claro, algum esperto lucrando com isso.